Crítica | A Fera


Thriller acerta na escolha da ambientação realística da savana africana, porém peca na introdução do que seria o verdadeiro monstro diabólico


Foram poucas as vezes que eu estava na sala de cinema aguardando um filme enquanto passa os trailers que eu não me interessasse de cara com os lançamentos que viriam. Porém, ao ver o trailer de “A Fera”, algo já me incomodou ali, mas não pela falta de encanto com a oportunidade de ver a linda savana africana – mais precisamente a sul-africana – e sua fauna. Era porque me vi perguntando, sem ter ainda lido sinopse nem nada, qual a contribuição essa obra daria em pleno 2022 ao demonizar um animal que já na realidade sofre com ataques de caçadores ilegais.


Porém, ao assistir o filme, noto que talvez esse incômodo fosse justamente proposital, haja vista que a problemática desses caçadores está de fato inserida ali, já nos primeiros minutos do suspense, ainda sem participação do protagonista Dr. Nate Samuels (Idris Elba).


Créditos: Lauren Mulligan/Universal Pictures


É após uma aterrorizante sequência – e aqui o terror é causado pelos próprios humanos, caçadores –, que o viúvo Nate chega com as filhas na África do Sul, onde conheceu a esposa vítima de câncer, disposto a passar por um período de redescobrimento e processo de luto em uma viagem planejada para a reserva gerenciada por Martin Battles (Sharlto Copley), amigo da família e biólogo da vida selvagem que os abriga em meio à um vilarejo na savana africana sem internet ou sinal de celular, ao menos provisoriamente.


Ao partirem para conhecer a reserva, em um local onde o público geral não têm acesso, eles acabam na espreita e no radar de um leão, sobrevivente do primeiro ataque de caçadores, que vai encarar todos humanos como inimigos, matando-os brutalmente, sem que seus corpos se torne alimento: era morte por vingança, ao menos essa é a interpretação que nos é levado a crer. Nate se vê obrigado na posição de pai a defender suas filhas Norah (Leah Jeffries) e Mere (Iyana Halley), esta última com bastante ressentimento por sua ausência enquanto a mãe estava doente.


Créditos: Lauren Mulligan/Universal Pictures


Apesar de entender que a motivação do leão em matar humanos se deu pelo massacre do seu grupo, ainda assim achei que faltou uma justificativa maior para tal reação. Por que ele tem uma força e resistência quase que sobrenatural e forte poder de reação? Ver sua família morta reativou alguma entidade ou espírito vingativo possível? Qual o motivo dele não ter se vingado dos caçadores já no primeiro ataque? Sua força extrema foi ativada após o massacre ou já era existente no bando que ele comandava? Não encontrei essas respostas assistindo o filme pela primeira vez e que fosse justificar um verdadeiro monstro diabólico, confesso que tive dificuldade para ler o leão representado assim.


Créditos: Reprodução/Universal Pictures


Contudo, mesmo não sendo constante, o filme consegue entregar uma atmosfera agoniante que te desperta e pode até render alguns sustos a depender do seu envolvimento. Aliás, algo que pode definitivamente te ajudar a se ver na história é o fato das gravações terem sido ambientadas em um local de verdade, na selva sul-africana, sem que ficasse aquela coisa horrorosa de tentativa de copiar o natural dentro de um estúdio. Ótimo acerto do diretor. Seu final, é a reunião de aspectos desde o início do filme, com Nate precisando fazer a única coisa que lhe restava para salvar as filhas, o que para ele significaria sacrificar a própria vida quando decide lutar com o rei da floresta. Ao menos do seu território.


Créditos: Reprodução/Universal Pictures


Dirigido por Baltasar Kormákur, “A Fera” é baseada em uma história original de Jaime Primak Sullivan e estrelado por Idris Elba, Sharlto Copley, Iyana Halley e Leah Sava Jeffries. O longa estreia em todos os cinemas brasileiros em 11 de agosto, pouco mais de um ano após finalizada as gravações. Caso vá assistir, lembre-se de manter distanciamento e, se preferir, utilize uma boa máscara como as do tipo PFF2 ou N95. Confira o trailer oficial abaixo.




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