Crítica | Chamas da Vingança


Acaba de estrear nos cinemas o filme Chamas da vingança, uma produção de Keith Thomas, clássico da literatura americana de Stephen King de 1980, o livro “Firestarter” ou “A Incendiária” como foi adaptado aqui no Brasil. A história se baseia na trajetória do casal Andy (Zac Efron) e Victoria McGee (Sydney Lemmon), que juntos dão à luz a sua única filha Charlie (Ryan Kiera Armstrong), porém as coisas não são tão simples assim, Charlie é diferente das outras crianças e conforme vai crescendo, isso se torna cada vez mais notável, a menina nasceu com a habilidade de produzir fogo, calor e combustão a partir da força da mente, do pensamento e de suas emoções; se Charlie se descontrolar ou reagir de uma maneira agressiva, pode acabar causando uma explosão nuclear, ou pelo menos um incêndio bem grande, daí o nome “A incendiária". Além de ser capaz de produzir fogo, a menina também herdou os poderes da mãe, já os do pai, não se tem certeza, o filme não explora muito essa possibilidade, mas menciona, talvez isso seja tratado em um filme futuro, uma continuação, se é que vai ter uma.  

Ao decorrer do filme Chamas da vingança, vemos a tentativa de trazer o foco na narrativa da criança que se acha uma aberração e dos pais que escondem tudo da criança, inclusive escondem a própria do mundo, com medo de ela ser achada para servir como arma ou ser usada em testes para descobrir seus limites ou do que ela possa fazer a alguém; a construção dessa narrativa lembra bastante de filmes como “Carrie a estranha”, não à toa por ser um livro do mesmo criador deste filme, “Stranger Things” e até mesmo “Frozen” da Disney; logo por causa disso, o filme apresenta um roteiro batido e previsível, mas com uma possibilidade de melhora por parte da equipe de direção de enredo e filmagem. Melhora essa que não acontece, o telespectador, fica esperando por alguma reviravolta minimamente boa para animar o ritmo do filme, mas não, o filme bate na mesma tecla clichê do drama adolescente da garotinha que sofria bullying por ser diferente e acabou “misteriosamente” machucando alguém ou provocando algo de uma maneira inusitada. Até o meio do filme você pode dizer que o roteiro parece promissor, meio parado, mas interessante. 

Imagem: Reprodução / Universal Pictures

Porém tentam criar um ritmo mais rápido dos acontecimentos que são os mais importantes para o filme e acabam esquecendo de produzir, nem que seja uma cena boa o suficiente para deixar o público vidrado e com vontade de realmente assistir o filme até o final. Chamas da vingança não foi bem recebido pelo público e nem pelos críticos, atingindo a porcentagem de 12% de aprovação e uma nota de 3.7/10 no Rotten Tomatoes; alguns comentários no site são reclamando da adaptação não ter representado tão bem a essência do livro e de os efeitos especiais não serem tão convincentes; dessa última parte eu pessoalmente discordo, achei os efeitos bons para o que se propõe, por exemplo as cenas em que Charlie está prestes a usar os poderes, é possível ver uma onda de mormaço ao redor da garota, para demonstrar a capacidade de seus poderes, a única coisa que eu talvez mudaria, seria a aura de fogo que se forma ao redor de seu corpo todas vez em que ela quer propositalmente causar algo ou ferir alguém. 

Outra coisa que eu mudaria sem ser as cenas em que Charlie usa seus poderes em seu limite máximo, seria a questão do filme possuir a temática de terror, mas estar mais para um descanso do que um “vamos gravar cenas verdadeiramente boas” pra nós. O filme só não era um ser um distrativo, apesar de eu reclamar só roteiro, consigo entender que o filme possui outros atributos, como o bom elenco e a boa atuação do trio principal na tela. Talvez agora nesse momento, ao final do filme, fosse a cena perfeita para criar um laço, o menor que fosse, do telespectador para o filme com algo relevante, mas até aqui seu final original, não agradou muito o público sendo considerado incoerente com a trama. Por fim, Chamas da Vingança, é um filme com bastante potencial, mas que infelizmente não soube aproveitar a ótima premissa de filme de terror que poderia ter abordado, com uma pegado muito mais focada em terror psicológico e com uma atmosfera que se lembrasse mais a personagem caótica e controversa de Silent Hill, Sharon/Alessa.

Por Jhonathan Cardoso


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