Crítica | Mães Paralelas


Pedro Almodóvar e Penélope Cruz podem ser considerados aquela dupla de diretor e ator/atriz que aceitam o sucesso vindo da união. Penélope, que já estreou 7 filmes com Almodóvar, chega às telas de forma diferente do habitual, ainda que com muito da carga de seu diretor e amigo. 

Na trama Penélope vive Janis, uma fotógrafa bem sucedida e cheia de dúvidas sobre o passado de seus avós. Com esse fato, não podemos deixar de trazer os pontos principais de Mães Paralelas: o passado e o presente se confundem na mesma proporção que se agarram um ao outro. Essa história está longe de ser sobre uma pesquisa em busca dos corpos que foram de seus antepassados, mas também corre em lado oposto à caixinha que coloca a produção como um filme sobre maternidade. 

Imagem: Reprodução / Netflix

Janis (Penélope Cruz) conhece Ana (Milena Smit) na maternidade quando está prestes a ter seu bebê. Na fragilidade do momento, ambas acabam se tornando amigas e criam o laço que vai nortear grande parte dessa história. Depois de terem seus bebês, a vida segue seu curso, mas o que ninguém esperava é que seus bebês seriam trocados no momento do nascimento. 

Vamos lá: a trama dos bebês trocados na maternidade é comum desde que o cinema se consagra como arte no mundo. O que, no entanto, foge às expectativas é a forma como Almodóvar não faz disso o ponto central da história das personagens, há sim a chance de sofrimento por parte de cada uma, mas isso se torna um detalhe quando se resolve seguir assistindo. A forma que Janis conta para Ana sobre como descobriu poderia ter sido facilmente aguardada para os momentos finais, mas a proposta não era essa. O filme ganha nessa cena a chance de ser mais do que um simples filme sobre bebês trocados na maternidade. 

Imagem: Reprodução / Netflix

Janis e Ana veem suas vidas amarradas para sempre, mas por escolha das próprias personagens. Não há nenhum grande final preparado para elas, e é isso que faz sentido na trama delicada do diretor. Claro, nem tudo que está em curso na tela foi feito da maneira mais autêntica possível, muitas vezes quem assiste se pega pensando "como isso aconteceu?", mas no final as escolhas se justificam e entendemos que foram boas para o formato que Pedro Almodóvar escolhe trazer para o filme da Netflix

É inegável que as atuações de Penélope e Milena foram destaques. Penélope inclusive conseguiu garantir sua indicação ao Oscar 2022 e, ainda que não seja a favorita, não seria um absurdo vê-la ganhando pela interpretação em Mães Paralelas. O filme é o primeiro do diretor para streamings e ainda não se tem confirmações de outras produções, mas o que fica de ensinamento é a magnitude de Almodóvar ao fazer produções com temáticas parecidas sem que não tenha chance nenhuma de perder seu brilho e importância. A produção vale a chance! 
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