Crítica | Querido Evan Hansen


Dirigido por Stephen Chbosky a partir de um roteiro escrito por Steven Levenson, que também escreveu o musical Broadway de mesmo nome, Querido Evan Hansen busca a sinceridade em uma história emocionante sobre solidão, luto, saúde mental e amizades inesperadas, mas falha em se aprofundar na saúde mental que deveria ser o assunto principal do longa.

Na trama, Ben Platt interpreta Evan Hansen um adolescente que sempre teve muita dificuldade de fazer amigos exceto Jared (Nik Dodani), um amigo de família que sente que tem que sair com Evan por obrigação. Para mudar isso, decide seguir as recomendações de seu psicólogo com o incentivo de sua mãe Heidi (Julianne Moore), e escrever cartas encorajadoras para si mesmo, com esperança de que seu último ano na escola seja um pouco melhor. O que não esperava era que uma das cartas fosse parar nas mãos de Connor Murphy (Colton Ryan), o aluno mais encrenqueiro da turma, irmão de Zoe Murphy (Kaitlyn Dever). 

Imagem: Reprodução/Universal Pictures

Quando Connor comete suicídio seus pais Cynthia (Amy Adams) e Larry (Danny Pino) ​​encontram uma carta endereçada para Evan, e todos começam a pensar que os dois eram melhores amigos. Sem conseguir explicar a situação, Evan acaba refém de uma grande mentira. Ao mesmo tempo, graças a essa (falsa) amizade, o garoto finalmente se aproxima de Zoe, a menina de seus sonhos, e passa a ser notado no colégio. No fundo, Evan sabe que não está fazendo a coisa certa, mas acaba levando essa mentira por muito tempo. Até que a verdade ameaça vir à tona, e ele precisa enfrentar seu maior inimigo: ele mesmo. 

O problema de Querido Evan Hansen é tentar usar a ansiedade e depressão do personagem como uma forma de justificar suas ações. Então você precisa levar a saúde mental a sério quando se trata de Evan e de que ele está sofrendo, mas Connor, porque ele está morto e a maioria das pessoas pensa que ele foi uma criança problemática na melhor das hipóteses, é digno de exploração mesmo quando essa exploração é minimizado para simplesmente servir como uma forma de Evan aprender uma lição de que talvez você não deva usar a memória de pessoas que cometem suicídio para ganho pessoal. O filme não carrega nenhuma simpatia por Connor até o final do filme, e nesse ponto ele é encerrado em uma montagem com uma pequena reverência ao invés de lutar com qualquer complexidade.

Imagem: Reprodução/Universal Pictures

Outra coisa que me incomodou foi a maneira que Evan é apresentado no início do filme, com close-ups em suas mãos trêmulas e em seus remédios em seu banheiro, isso parece uma tentativa forçada de fazer com quer que o público simpatize com ele em um nível profundo. Suas ações e comportamento durante a maior parte do filme, no entanto, tornam difícil fazer isso. Com cada fibra de seu ser, Evan quer ser notado, ser capaz de passar pela vida sem se sentir um estranho, embora no filme ele possa ser perdoado pela mentira de que ele e Connor eram amigos, nem que seja apenas para amenizar a dor de Cynthia. Evan age de forma egoísta, visando apenas os benefícios para si mesmo sem perceber como ele machucou alguém até que seja tarde demais, o filme muitas vezes parece que está usando a ansiedade e depressão do personagem como uma forma de justificar suas ações. Alguns certos aspectos da história podem ter sido ignorados na versão teatral, mas na adaptação cinematográfica isso fica mais escancarado e confuso. 

Para se ter uma ideia de como isso fica, Evan canta uma música para os pais de Connor onde ele cria uma amizade inteira saindo de um pomar que Connor amava, ele então precisa forjar um monte de e-mails para provar ainda mais a amizade deles, isso tem até uma música em que Connor cimentar ainda mais aquela amizade falsa e Connor é basicamente um fantoche cruel, e é tão incrivelmente equivocado que você não pode acreditar que isso fez parte de um musical vencedor do Tony. Talvez funcione melhor no palco, mas ao vê-lo na tela fiquei chocado que um filme que trata a saúde mental pudesse ser tão insensível para um adolescente vítima de suicídio.


O filme tem um elenco bastante talentoso e, embora Platt possa cantar durante a maior parte do filme, o destaque do filme é todo de Heidi (Julianne Moore) e Alana (Amandla Stenberg), uma aluna da escola de Evan que parece mais equilibrada apesar de também ter ansiedade. Ambas as atrizes dão peso emocional aos seus personagens, trazendo nuances aos seus papéis, apesar de seu tempo limitado na tela, atenciosas em suas performances. Alana parece ser a única genuinamente interessada em ajudar os outros. O filme está em cartaz nos cinemas e se você se sente seguro para ir, prefira comprar os seus ingressos pelo site do cinema, e lembre-se de manter o distanciamento seguro, manter suas mãos higienizadas e usar uma boa máscara no rosto o tempo todo.
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