Crítica | Ghostbusters - Mais Além


Ghostbusters - Mais Além não é oficialmente um remake direto ao clássico de 1984, mas Jason Reitman explora tudo o que há de melhor em homenagem ao trabalho mais famoso de seu pai Ivan Reitman, desde o icônico Ecto-1, Marshmallow Stay Puft, a música tema de Ray Parker Jr até chegar a aparição dos Caça-Fantasmas sobreviventes dando ao público a chance de aquecer suas memórias dos filmes anteriores.

A trama de Ghostbusters - Mais Além acompanha uma mãe solteira e seus dois filhos adolescentes: Callie (Carrie Coon), Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace), respectivamente. Eles são despejados de seu apartamento no momento em que o pai ausente de Callie morre em algum lugar em Oklahoma, deixando-os com uma fazenda cheia de sujeira e lixo enferrujado. Sem nenhum outro lugar para ir, a família se muda para o estado mais cedo. 

Imagem: Reprodução/Sony Pictures

Ao explorar a casa Phoebe, um gênio da ciência em ascensão, descobre um laboratório escondido cheio de equipamentos caça-fantasmas escondidos sob um celeiro. Trevor encontra o velho Ecto-1 na garagem e o faz funcionar novamente. Acontece que o avô deles era Egon Spengler (o falecido Harold Ramis), e ele deixou a fazenda e seu esconderijo secreto cheio de prótons por um motivo muito específico. Junto com alguns de seus amigos, incluindo a paixão de Trevor, Lucky (Celeste O'Connor) e um colega de classe de Phoebe chamado, Podcast (Logan Kim) começam a defender sua cidade de uma invasão espectral.

Além de ter uma invasão espectral rolando, o longa explica qual foi o verdadeiro motivo de Egon se separar do resto dos Caça-Fantasmas e se mudar para uma fazenda no meio do nada, sem falar que ele abandonou sua filha e netos. Não tenho certeza disso, mas parece que Reitman e seu co-roteirista Gil Kenan queriam encontrar uma maneira de homenagear Egon incluindo-o no filme, enquanto precisavam contornar o fato de Ramis ter falecido em 2014. A solução deles foi arranjar uma desculpa esfarrapada para Egon se isolar de seus amigos e família.

Imagem: Reprodução/Sony Pictures

Phoebe é brilhante, mas por algum motivo ela precisa frequentar a escola no verão, onde seu professor, o Sr. Grooberson (Paul Rudd), odeia seu trabalho, mas também é um especialista em sismologia e aparentemente a única pessoa viva que se lembra de que há 35 anos os Caça-Fantasmas impediram um marshmallow gigante de causar o fim do mundo. Todos eles moram em um lugar chamado Summerville, a típica cidade pequena americana que só existe no cinema. A cidade se resume praticamente na fazenda, um restaurante drive-in, que conta com uma equipe de cacrhops e um Walmart onde o Sr. Grooberson vai para comprar um sorvete e ele é o único lá que não é um fantasma.

O elenco de Ghostbusters - Mais Além é cheio de nomes grandiosos mas acaba ficando preso no simples. Toda a personalidade de Callie é formada pelo ódio que sente de seu pai. Ela mal se interessa pela vida de seus filhos e nem mesmo está claro o que ela faz, enquanto eles estão na escola ou caçando fantasmas. Rudd tem exatamente a energia cômica certa para um Ghostbusters moderno, mas o roteiro falha em explicar os eventos e a tecnologia do primeiro filme para os heróis mais jovens, que são todos fofos e entusiasmados. 

Imagem: Reprodução/Sony Pictures

Em vez de explorar os novos personagens, Reitman se concentra apenas no fan service, e persiste nas velhas armadilhas com prótons, deixando de lado o seu lado criativo, ele praticamente enche a fazenda de Egon, com referências do trabalho de seu pai em Ghostbusters (1984). Isso inclui o uso do elenco original de Caça-Fantasmas, incluindo Bill Murray, Dan Aykroyd e Ernie Hudson. Em suas cenas limitadas, eles são realmente muito engraçados e charmosos, e todos eles voltam sem esforço para seus antigos papéis. Mas mesmo com a importância de Egon para o enredo geral, eles são uma pequena parte da história. 

Tenho certeza de que Jason Reitman ama Ghostbusters. Mas apesar de toda a sua força de vontade, ele parece ter perdido completamente o rumo do que faz o filme funcionar de verdade. Ghostbusters não era só sobre os caras que usavam macacões e aparelhos divertidos. Os fantasmas nem mesmo são os vilões. Os verdadeiros bandidos são as figuras de autoridade presentes no filme que pressionam cada ação dos protagonistas. Essa energia está totalmente ausente em Ghostbusters - Mais Além, Phoebe é apaixonada por ciência e isso não tem nenhuma ação, nem mesmo as crianças da escola a provoca ou hostiliza. Trevor se apaixona por Lucky no drive-in, mas ela se apaixona por ele quase imediatamente e seu relacionamento prossegue sem nenhuma controvérsia. Há um xerife local, interpretado por Bokeem Woodbine, mas seu papel é tão breve que ele não representa uma ameaça para os novos Caça-Fantasmas. Em outras palavras, não existem vilões humanos, e Reitman não encontra nada para substituí-los, exceto a nostalgia.

Mesmo que você não ame Ghostbusters, você tem que pelo menos reconhecer que o filme tinha sagacidade e estilo e alguma atitude autêntica de Nova York. Um dos motivos pelos quais ele atraiu tanto as crianças nos anos 80 foi porque não era necessariamente um filme feito para elas. O filme está em cartaz nos cinemas e se você se sente seguro para ir, prefira comprar os seus ingressos pelo site do cinema, e lembre-se de manter o distanciamento seguro, manter suas mãos higienizadas e usar uma boa máscara no rosto o tempo todo.
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