Crítica | Gossip Girl - 1ª parte da 1ª temporada


Uma semana após o fim da primeira parte de Gossip Girl, estamos prontos por aqui para te contar tudo que aconteceu e o possível futuro da parte 2 da série. 


Quando Gossip Girl chegou ao HBO Max, os sentimentos ficaram divididos entre a saudade de ver uma produção mais leve e a tensão por saber do risco que a adaptação estava correndo por derivar de uma das séries teens mais famosas da atualidade. Em algumas das críticas anteriores, falamos o quanto não sentíamos falta de personagens que fossem verossimilhantes a Blair (Leighton Meester) e Serena (Blake Lively). Ainda que as duas fossem os nomes da versão original, aqui queríamos autenticidade, afinal um reboot não é um reencontro de elenco. 


Em 2007 o cenário era outro, a moda e os costumes tampouco chegavam perto do que temos hoje, mas o que mais marca a diferença desses anos, com certeza, está nas críticas que o audiovisual vem trazendo. Não que em 2007 não houvesse isso, mas naquele momento as críticas sociais não chegavam nesse mundo de socialites norte-americanas. Serena e Blair não estavam preocupadas com os trabalhadores que suas famílias escravizavam para se tornarem mais ricas. E essa foi a principal diferença de uma versão para outra. 


Imagem: Reprodução/HBO Max

Começamos nossa análise identificando que no núcleo principal da série, duas das personagens são negras - coisa que não foi nem sequer vista no original. A presença de Julien (Jordan Alexander) e Zoya (Whitney Peak) foi sim um ponto altíssimo para a proposta, duas jovens, com a mãe em comum, acabam se encontrando nas múltiplas diferenças que a vida e o dinheiro permitem. Não foi fácil para as duas se enxergarem como irmãs e essa trama gerou bons episódios com bastante conteúdo para a segunda parte. 


Gossip Girl no primeiro episódio já mostrou algo complexo na alta sociedade: os rancores que deixam pelo caminho. Como nos clássicos em que os rejeitados surgem para atrapalhar a vida dos protagonistas, temos figuras excêntricas ocupando o papel: os professores. Kate Keller (Tavi Gevinson), Jordan (Adam Chanler-Berat) e Wendy (Megan Ferguson) não eram o que esperávamos de Garota do Blog, mas ambos se apossam do papel de forma fantástica.


Imagem: Reprodução/HBO Max

A dicotomia entre ser o apaziguador e o causador do caos que vemos nos professores, pode ser visto em outros personagens também. As amigas de Julien, Luna (Zion Moreno) e Monet (Savannah Lee Smith), fizeram muito bem esse papel, ainda que Monet tenha sido abruptamente retirada do círculo de amizade. Joshua Safran, no entanto, prometeu que essa segunda parte virá cheia de conteúdo para os fãs dessa dupla. 


A volta de Gossip Girl deu vida a outros personagens, que se comparado com original, não existiriam. Max (Thomas Doherty), Aki (Evan Mock) e Audrey (Emily Alyn Lind) estão para provar isso. A presença dos três levantou tópicos muito importantes para os dilemas que os jovens vivem hoje. Aki com sua descoberta sexual, Max com seu pouco entendimento de vida e tentativa de ser visto a qualquer custo, e Audrey, menina que, apesar de todos os embates, acaba ocupando o papel de mãe da própria mãe. 


Imagem: Reprodução/HBO Max

Na constante luta pela liberdade de pensamento, encontramos Obie (Eli Brown), o jovem que centraliza a briga das irmãs Julien e Zoya, na mesma medida que só quer alguém que o escute e o entenda. Ainda que milionário, Obie tenta diluir as desigualdades que enxerga no seu dia-a-dia, o famoso clássico do rico que se culpa por ser rico. Não sabemos se a história ainda cola, mas quem sabe não nos surpreendemos mais com esse mocinho na próxima parte. 


O ponto é que Gossip Girl vive das nuances das vivências jovens e talvez isso não tenha agradado os fãs da série. Se isso aconteceu, não há o que fazer, Gossip Girl não veio para ser a cópia fiel de algo que deu certo. Suas tentativas de autenticidade ganharam espaços diferentes e conquistas gradativas, de fato o que fica para segunda parte é a missão de seguir construindo um enredo que não precisa passar por aprovação dos seguidores de 2007, mas que consiga se manter no caminho que escolheu desde o início: o caminho arriscado e autêntico. 


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