Crítica | Control Z - 2ª Temporada

Control Z


Quando fenômenos surgem na Netflix há uma grande comoção para que se crie uma continuação. Em 2020 Control Z chegou à plataforma e não foi diferente: o público implorou por mais. A série mexicana que foge completamente do estereótipo das produções latino-americanas, ganhou razões concretas para ser tão popular. Das atuações ao enredo, nada ficou de fora neste contraste entre o bem e o mal. 


O momento que deu fim à primeira temporada dá início exato ao retorno da série, com Javi (Michael Ronda) no chão após ser baleado por Gerry (Patricio Gallardo), Sofia (Ana Valéria Becerril) busca não só salvar o amigo, como entender o que levou aquilo tudo a acontecer. As histórias não param por aí, temos Raul foragido depois de ser descoberto Hacker, Luis (Luis Curiel) fatalmente morto depois de certo tempo no hospital, Natalia (Macarena Garcia) envolvida com traficantes perigosos e o principal ponto da segunda temporada: um vingador disposto a aterrorizar a vida de todos que fizeram mal a Luís.


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Imagem: Reprodução Netflix

A série voltou com mais de uma missão principal. Para além do suspense diante da identidade do Vingador, há histórias fascinantes que conectam os personagem e criam novas perspectivas para o contexto geral do enredo. Começamos aqui pela relação estremecida de Sofia com a mãe, que não compreende o fato da filha ter mentido em relação ao pai que se passara por morto. O interessante do arco é ver que há relação de ética nisso, uma vez que um crime está sendo cometido e falar ou não sobre ele não pode ser uma decisão baseada na compaixão paternal. Sofia, no entanto, leva isso como um ponto em aberto em sua vida e cria substância ao se mostrar uma personagem fora dos parâmetros de “salvadora universal”. 


Raúl (Yankel Stevan) demonstrou um dos maiores crescimentos como personagem nessa trama. O garoto mimado e causador de todos os grandes problemas da série, demonstra uma dicotomia interessante ao não se firmar como bonzinho ao mesmo tempo que não abraça seu pior lado. Sua paixão correspondida por Sofia deixa a série intrigante e mostra um enredo alá Síndrome de Estocolmo, com a diferença em que aqui Sofia sabe exatamente quem é o malvado da história - ou um dos malvados. 


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Imagem: Reprodução/Netflix

Natalia e Maria (Fiona Palomo) ganham histórias distintas, mas que se conectam em um laço de irmandade. Quando terminamos a primeira temporada, uma das questões pairou diante das drogas que Natalia estava vendendo e que fatidicamente foram perdidas. Já Maria teve sua história conturbada pela negação de Pablo (Andrés Baida) ao filho que estava esperando. O interessante dessas histórias não ficou só na abordagem, mas na lição de como não se deve resolver isso. Ambas vivem dramas claros e nem cogitam alertar os pais sobre a situação, o que certamente só termina bem em tramas com início, meio e fim. 


O principal foco da primeira temporada era descobrir quem estava por trás do hacker, já o da segunda há uma fluidez. Ao mesmo tempo em que se luta para saber quantos culpados existem para que a morte de Luis fosse concebida, há outros personagens com problemas graves e escancarados. Nesse retorno não discutimos somente o que a internet pode trazer como malefício para a vida de diversos jovens, entendemos que precisa-se falar de aborto, sexualidade, homofobia e drogas na adolescência. Control Z volta com consistência em um enredo forte e necessário. 


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Imagem: Reprodução Netflix

Ainda que a série tenha deixado pontos que evidentemente precisam de melhoras, há uma crescente entre a primeira temporada e a segunda. Não só as atuações ganham destaque, como a vontade de fazer uma série bem feita mostra-se latente. A característica promissora de Control Z é real. O México ganha um respiro de séries estereotipadas ao mesmo tempo que dialoga com as diferenças sociais, isso tudo em uma linguagem jovem.


O final abre margem clara para terceira temporada, mas não há nada de concreto ainda. O que fica é o sentimento de saber que o retorno seria a sequência de um projeto que está ganhando forma e consistência. Control Z merece a chance de retornar em mais um triunfo de boas atuações e busca de boas histórias.

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