Crítica | Elite - 4ª Temporada


A série Elite chega à quarta temporada com enredo pouquíssimo consistente e sem foco nenhum.

Que a Netflix aposta em sucessos jovens todos já sabem. A condição para fazer sucesso em um streaming com um catálogo tão diverso talvez tenha caído no mais puro: sexo, bebidas, destruição e falta de enredo. Elite, série original que chega à quarta temporada, entrega exatamente isso. 


Há uma síndrome clara no streaming em trazer sempre pessoas mais velhas para interpretarem mocinhos adolescentes - Para todos os garotos que já amei (2018) e The Duff (2015) não me deixam mentir. As escolhas acabam gerando algo que perturba quem assiste em busca de um roteiro e questiona se os autores Carlos Montero e Darío Madrona sempre criaram o óbvio ou se o óbvio já tinha sido mostrado nas outras três temporadas e só percebemos agora. 


Imagem: Reprodução/Netflix

A quarta temporada de Elite começa da mesma forma que as outras: uma pessoa - que desconhecemos se está viva ou morta - e vários jovens com potencial de a terem matado. Na primeira temporada o ocorrido é com Marina (María Pedraza) e gera de fato um desconforto em quem assiste, afinal quem mataria uma estudante em uma festa lotada de pessoas? O ato conseguiu levar três temporadas inteiras e gerar até um sentimento de pena pelo assassino. É aqui que entendemos onde o erro de Elite pode ter acontecido: era realmente necessário uma quarta temporada?


O elenco original era composto por Lucrécia (Danna Paola), Carla (Ester Exposito), Nadia (Mina El Hammani), Rebeka (Claudia Salas), Ander (Arón Piper), Omar (Omar Ayruso), Marina (María Pedraza), Samuel (Itzan Escamilla), Guzman (Miguel Bernardeau), Christian (Miguel Herrán), Nano (Jaime Lorente), Polo (Álvaro Rico) e Cayetana (Georgina Amorós). Desses, somente Rebeka, Ander, Cayetana, Omar, Guzman e Samuel chegaram à quarta temporada. 


Imagem: Reprodução/Netflix

Como dito anteriormente, a série se inicia com o acidente de Ari (Carla Diáz), filha de Benjamin e estudante do Las Encinas, e o sentimento das outras temporadas se repete: quem fez isso com ela? No entanto, diferente das outras temporadas, a menina está viva e quer falar quem fez isso, mas suas limitações por conta do acidente a impedem de fazer naquele exato momento. 


Ainda que a série tenha casais fechados e histórias breves, o que resume a quarta temporada é a apelação ao sexo e uma extrema banalização da vida. O que fica, além disso, é o sentimento de não ver crescimento nos personagens - destacando, claro, Cayetana que mostra evidentemente que fugiu à regra na série. De resto, nenhum aluno fez algo diferente do que fez nas outras temporadas. 


Os três irmãos - Mencía (Martina Cariddi), Patrick (Manu Rios) e Ari - são o diferencial da temporada e suas histórias dão norte total ao que vai acontecer no colégio. A entrada dos três poderia ser um ponto chave para a construção de uma série instigante, mas a mistura dessas vidas com as histórias que já existiam na trama, só fomentou o questionamento de uma abordagem tão agressiva em uma série com jovens que variam entre 17 a 19 anos. Longe da gente censurar as escolhas do Streaming, mas não tem como não questionar se a série não poderia ter sido mais.  


Imagem: Reprodução/Netflix

Na narrativa de Mencía e Patrick há dois grandes problemas: para Mencía é lidar com o óbvio do estereótipo de problemas abusivos, convenhamos que no primeiro segundo do personagem metido a cafetão já sabíamos o que ia acontecer. Já Patrick incorpora o estereótipo de menino bonito e raivoso que dá o azar de gostar do casal composto por Ander e Omar, e se limita ao esperado: tenta separá-los, quase consegue, mas no último segundo percebe que terminou sozinho.


Elite é quase que uma personificação da não punição. Se você quiser matar alguém e sair desfilando como se nada tivesse acontecido, talvez assistindo os vinte e quatro episódios das quatro temporadas te ensine algo. No mais, o que fica para a quinta temporada, se algo ainda tiver ficado, é a torcida para ver mais crescimento desses “jovens” e para um enredo que entregue mais do que sexo, palavrões e mortes. 





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