Resenha | A Lista de Convidados


A lista de convidados é o segundo livro de suspense da autora norte-americana Lucy Foley. Sim, é muito estranho viver em um mundo em que essa escrita poderosa só tenha sido usada em dois únicos livros - obviamente deixando os fãs ansiosos para o que virá em seguida. Tudo começou com o suspense “A última festa", livro o qual muitos não atribuíram grandes elogios, mas que em maioria foi muito bem recebido. A história narra o presente e o passado, e coloca em sintonia a dúvida sobre a morte principal da história. Por que estamos falando desse livro? Simplesmente, pois a jogada usada em “A lista de convidados” foi muito parecida. 


Começamos nossa história de um ponto marcante: um corpo sem identificação e um culpado sem nome, o que poderia facilmente se perder no suspense de fácil previsão, ganhou pela tensão gerada por personagens chaves. Jules e Will, casal perfeito e centro da nossa história, são quase que uma amostra grátis da perfeição que dinheiro e poder podem demonstrar para sociedade. Entretanto, toda boa história se constrói no melhor dos caminhos: o da contradição. 


Tudo era para ser perfeito, um lugar majestoso, um noivo famoso e uma noiva que sabe exatamente o que quer para o seu casamento - e vida toda. O que muda nossa história de caminho é a vontade do destino - unido a pessoas, claro - de tornar isso tudo um extremo fracasso. Johnno (melhor amigo e padrinho de Will), Hannah (esposa do melhor amigo de Jules), Aiofe (cerimonialista) e Olivia (irmã e madrinha de Jules) narram também essa história, contando por suas perspectivas, tudo que está acontecendo no ambiente que deveria ser de celebração. 


O grande ponto que torna o livro muito interessante é entender que os fatos se completam por meio da presença significativa do tempo. Aqui conseguimos ter dimensão do presente, caracterizado pelo dia da festa, e do passado, caracterizado pela visão de cada narrador. Toda essa mistura nos faz duvidar de todos que estão ali e perguntar a maior de todas as questões: quem matou e quem morreu? O interessante das perguntas é a novidade de fazê-las. Muitas construções de suspense nos entregam o contrário disso, uma vez que pergunta “quem matou?” ou tenta descobrir quem é o ser azarado que morreu na floresta. Dificilmente vemos essas perguntas lado a lado na mesma história. 


A jogada de colocar a imaginação do leitor para trabalhar nos faz pensar na genialidade de Foley e na grandeza de contar uma história de forma quase que natural. Ninguém é 100% bom e ninguém é 100% ruim em “A lista de convidados", todos possuem bagagens que os fazem quase que amarem seus acertos e erros. Já para o leitor fica plenamente difícil não odiar todo mundo, afinal todo mundo ali pode ser um assassino em potencial. Ou não. Percebe a jogada? Foley não diz nem se há um assassino. Sabemos que há um corpo, mas de quem é e como foi parar ali, é uma incógnita. 


“A lista de convidados” foi uma aposta da Intrínseca muito bem feita e que valeu a pena. Depois de autores como Stephen King, ficaria sim difícil trazer algo que conquistasse o público e o fizesse acompanhar outras formas de escrita no mundo do suspense/terror. Se ainda existir o lema de escritores de suspense com paixão por lançar muitos livros, ficaremos felizes de saber que essa leitura será seguida de muitas outras assinadas por Foley. Enquanto não há previsão, leiam “A última festa” e “A lista de convidados”.




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