Crítica | Primeira parte da 5ª temporada de Lucifer



"A leva de episódios da 5ª temporada de Lucifer busca pela humanização dos personagens mais próximos do protagonista" 

A primeira parte da quinta temporada de Lucifer chegou na Netflix na última sexta-feira (21) com oito episódios, sendo um enorme presente para os fervorosos lucifans. Definitivamente, a Netflix ter dado mais uma chance para o Diabo foi um acerto em vários níveis: desde a saída da TV com a FOX para o streaming até a redução na quantidade de episódios, possibilitando um melhor condensamento de narrativas. 

Apesar disso, esse feito não impediu que a Netflix ousasse na série seja no seu roteiro, seja com os efeitos visuais e cenários com fotografia espetacular da cidade americana de Los Angeles. Mais do que nunca temos nesta segunda temporada exclusiva da gigante de streaming, a oportunidade de ver o aprofundamento dos personagens humanos e até mesmo a humanização daqueles que habitam o céu e inferno.


Nesta temporada veremos um Lucifer (Tom Ellis) mais humanizado, com demonstrações de sentimentos humanos como empatia e ciúmes da detetive. Créditos: John P. Fleenor/ Netflix

Talvez seja a primeira vez que o protagonista Lucifer Morningstar (Tom Ellis) fica de lado para dar espaço para aqueles que estão ao seu redor e que possuem igual importância na trama, após ele voltar para o inferno como vimos no final da quarta temporada. Agora, seu irmão Amenadiel (D.W. Woodside) se dedica quase que exclusivamente aos desafios da paternidade, recebendo conselhos do detetive Dan Espinoza (Kevin Alejandro), além de ser o novo administrador da boate Lux. 

A cientista forense Ella Lopez (Aimee Garcia), a demônia Mazikeen chamada Maze (Lesley-Ann Brandt) e a psicoterapeuta Linda Martin (Rachael Harris) também terão suas histórias aprofundadas, ou no mínimo mais exploradas com o passar dos episódios. Cada um deles com um gancho para o seguinte fazendo valer a pena as sequências, mesmo com o quarto episódio, “It Never Ends Well for the Chicken”, destoando totalmente da estética da série ao ser apresentado em preto e branco e ambientado em 1946.


Cena do 4º episódio ambientado em 1946 com Tom Ellis interpretando Lucifer e Lauren German deixando o papel de detetive Decker para viver o investigador particular Jack Monroe. Créditos: John P. Fleenor/ Netflix

Conforme vimos no trailer, um novo personagem surge e vem do seio familiar de Lúcifer: o arcanjo Miguel, seu irmão gêmeo. Disposto a fazer tudo para irritar o irmão, ele decide ir para Los Angeles tomar o lugar de seu gêmeo e mexer com bens preciosos, como a detetive Chloe Decker (Lauren German). Mas enganam-se quem acha que ela foi ingênua em cair no papo encantador e ao mesmo tempo suspeito do angelical também interpretado por Tom Ellis. Desmascarado pela mesma, Miguel fica intrigado por não ter conseguido interpretar seu irmão e mostrando sua face maléfica, conta para Decker que ela é “um presente de Deus” feito para Lúcifer. Essa é só algumas das intrigas que ele causa, mesmo com certo sumiço após ser descoberto.

Aliás, esse lado do “mal” de Miguel é um dos pontos altos que a série trabalha desde sempre: a desconstrução de crenças e fatos que por toda nossa vida somos levados a ter, mesmo que uma coisa não anule necessariamente algumas das crenças do mundo real. Mas é bacana para refletirmos o nosso papel como humanos e até mesmo a nossa busca por culpabilizar um ser que talvez nem exista ou esteja preocupado em te levar a praticar o mal, por exemplo. O Lúcifer da série está pouco preocupado com isso, já que busca apenas saber os principais desejos dos humanos, se é voltado para algo ruim, a culpa não é dele...


Reencontro de Chloe e Lúcifer, que na verdade é seu irmão gêmeo Miguel. Créditos: John P. Fleenor/ Netflix

Vou exemplificar. O inferno que conhecemos no imaginário arde como fogo, em Lucifer é gelado; o arcanjo Miguel de gracioso não tem nada, mas de mentiroso e mesquinho tem muito; e tantas outras analogias e partes da história e mitologias antigas que vem à tona para mostrar até mesmo uma possível versão dos fatos desses personagens. Essa inversão de valores e sentidos dá à série um brilho muito maior e especial. 

Essa primeira parte da temporada, além de trazer mais humanidade inclusive para o próprio Lúcifer que busca ser empático com Chloe após ter voltado do inferno, também nos mostra narrativas que fogem da simples resolução de casos policiais ou de um passo adiante da relação Deckstar (mesmo que lentamente e com sequenciais obstáculos que sempre impedem o bem-estar do par). O recado da Netflix no trailer, “nesta temporada o inferno são os outros”, é realmente um indício para que fiquemos atentos a tudo o que acontece nas cenas e personagens. 


A demônia Maze (Lesley-Ann Brandt) possui um dos melhores desenvolvimentos nesta 1ª parte da 5ª temporada buscando respostas para seus abandonos e reencontrando sua mãe depois de milênios. Créditos: John P. Fleenor/ Netflix

A sequência final mostra uma das mais incríveis cenas de ação da temporada com um embate entre os três anjos irmãos junto à Maze. É o estopim para que mais um membro da família de Lúcifer decida visitar à Terra. Sem dúvida alguma você vai clamar pela estreia da segunda parte… Infelizmente, a segunda parte da quinta temporada com iguais oito episódios ainda não tem data de lançamento.
Nota ★★ 4.5/5

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