Companhia de dança criada por Pina Bausch,Tantztheater Wuppertal encerra a 15ª Temporada de Dança do Teatro Alfa


O Teatro Alfa recebe quatro apresentações de uma das maiores companhias de dança do mundo: a Tantztheater Wuppertal, fundada em 1973 na Alemanha pela bailarina e coreógrafa Pina Bausch (1940 – 2009), um dos maiores ícones da dança moderna de todos os tempos. O espetáculo eleito para encerrar a sua 15ª Temporada de Dança do Teatro Alfa é Néfes, coreografia criada por Pina inspirada na cultura e crenças da cidade de Istambul, na Turquia. A temporada de dança deste ano também comemora os 20 anos do Teatro Alfa. Apresentaram-se nesta edição o Grupo Corpo, a Cie. DCA (França), a São Paulo Companhia de Dança, a Cia. de Dança de Deborah Colker e o casal Mats Ek (Suécia) e Ana Laguna (Espanha).

O espetáculo Nefés estreou em 2003 e é inédito no Brasil. O título, no idioma turco, significa “respiração”. Artista capaz de criar um “teatro do mundo”, profundamente enraizado no conhecimento intuitivo da natureza humana, Pina Bausch concebeu uma série de obras inspiradas em diferentes países.

Em meio ao jogo de sombras e luzes sobre o Bósforo – estreito na Turquia que liga o mar Negro ao mar de Mármara – as cores e os odores de Istambul, o cruzamento de crenças da cultura turca, nasceu Nefés – inspiração e expiração de ritmo misturado a humor, sensibilidade e poesia, em um conto pina-bauschiano de mil e uma noites.

'‘Dance, dance, senão estamos perdidos’. A célebre frase de Pina Bausch é fonte de evocação constante para todos os que conheceram e se apaixonaram pela obra desta extraordinária artista. Reencontrar o trabalho de Pina através da Tanztheater Wuppertal, a mítica companhia que continua mantendo vivo o legado da coreógrafa alemã, ganha significado especial nesta temporada que celebra os 20 anos do Teatro Alfa”, diz Elizabeth Machado, superintendente do Teatro Alfa.

Pina Bausch costumava expressar grande satisfação pela sala de espetáculos do Alfa. Também foi no Teatro Alfa que a Tanztheater Wuppertal, de Pina Bausch, passou a se apresentar exclusivamente a partir de 2000, quando encenouo espetáculo Masurca Fogo. Pina Bausch e sua companhia retornaram em 2001 para estrear Água, criação inspirada no Brasil. Em 2006 trouxeram Para as crianças de ontem, hoje e amanhã. Em 2009, as apresentações de Café Müller e Sagração da Primavera se fundiram à comoção causada pela morte súbita da coreógrafa, dois meses antes. O retorno da Tanztheater , em 2011, com Ten Chi, mostrou que a obra de Pina continuava mais viva do que nunca.

Pina Bausch reinventou a dança-teatro quando começou a trabalhar na cidade alemã de Wuppertal, na década de 1970. Muitos tentaram imitá-la, mas a intensidade e a integridade de seu trabalho fazem de sua dança uma obra única.

À composição coreográfica ela somou o universo de experiências humanas de seus bailarinos para desenvolver um teatro dançado, que consegue envolver plateias de todas as culturas. Para criar seus espetáculos, ela estimulava o elenco a improvisar a partir de memórias de infância, desejos e angústias próprios de cada um. Por meio do subjetivo, conseguiu chegar às questões universais que movem a existência e certamente sua obra continuará sensibilizando as gerações futuras.

Nascida em 27 de julho de 1940 na cidade de Soligen (Alemanha), passou a maior parte de sua infância no hotel-restaurante de seus pais. Ela começou a estudar dança aos 14 anos, sob a supervisão de Kurt Jooss (1901-1979), na Escola Folkwang, em Essen. Um dos precursores da dança-teatro, Jooss misturava fundamentos do balé clássico com a dramaticidade da dança expressionista.

Pina sucedeu Jooss na direção artística do Ballet de Folkwang, quando ela voltou de Nova York, onde estudou na Juilliard School of Music, chegando a dançar no New American Ballet. Em 1973, tornou-se diretora do centro artístico da cidade de Wuppertal, onde acabou fundando sua companhia. Polêmico de início, seu estilo de dança consagrou-se como uma das mais instigantes expressões da arte cênica mundial.
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