Crítica | O Nome da Morte


O Nome da Morte conta a história de um homem simples, religioso e pacato, amigo gentil e pai de família dedicado que guardou durante décadas um grande segredo: os serviços prestados como matador profissional, que o levaram a executar nada menos que 492 pessoas. Parece coisa de cinema – e virou, de fato -, mas a trama é baseada na vida de Júlio Santana, hoje com mais de 60 anos, que é interpretado nas telas por Marco Pigossi.


O longa de Henrique Goldman, que dirigiu “Jean Charles” (2009), é uma adaptação do livro “O Nome da Morte”, escrito por Klester Cavalcanti e lançado em 2006. Nele, o jornalista revela toda a complexidade de seu personagem, que começou a matar por dinheiro em 1971. Foi, a muito custo, convencido por um tio, também pistoleiro, que, doente, não tinha condições de assassinar um estuprador, serviço pelo qual já havia recebido. Culpado após sua primeira execução, recebe do parente a recomendação de rezar dez Ave-Marias e 20 Pai-Nossos, ritual que, em busca de perdão divino, repetiria centenas de vezes depois de puxar o gatilho. Uma delas, após matar a militante Maria Lúcia Petit durante a Guerrilha do Araguaia, ocasião em que feriu o ex-deputado José Genoíno.

Comandado por Pigossi, estreante em longas, o elenco reúne feras como Matheus Nachtergaele, Fabíula Nascimento, André Mattos, Augusto Madeira e Tony Tornado. Já o roteiro é assinado por George Moura, também responsável pelo trabalho nos elogiados “Redemoinho” (2017) e “Getúlio” (2014), bom como nas séries “Amores Roubados” e “O Rebu”, exibidas pela Rede Globo. “O Nome da Morte” ainda não tem data de estreia.

O Nome da Morte é baseado no livro do jornalista Klester Cavalcanti, escrito ao longo de sete anos, nos quais o autor entrevistou e conviveu com Julio Santana, o matador de aluguel retratado no longa.

Na trama, Julio é um menino vivendo no interior, parte de uma família muito humilde, sem grandes perspectivas de vida. Um retrato comum em nosso vasto e rico, mas também muito pobre, país. A alegria é ponderada com as visitas do tio Cícero, policial da cidade grande. Quando leva o menino e o acolhe debaixo de sua asa, o dúbio agente da lei logo o ensina sua arte secreta: matar pessoas por dinheiro.

O Nome da Morte é um caso raro de cinema nacional cuja qualidade técnica e empenho das atuações sobressaem certo didatismo de se contar uma biografia. É cinema autoral palatável ao grande público, pronto para ser vendido e fazer carreira, inclusive, no exterior - onde estampa seu título "492", referência ao número de mortes creditados ao criminoso protagonista.


Nota do Filme: ⭐⭐⭐⭐ 3,5 | 5

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